CENTOPEIA
Queria mesmo se casar
Mas nem noivo ela tinha
Onde iria arranjar?
Toda afobada
Saiu atrapalhada
Comprou tamancos
Sandálias e sapatos...
Uns de salto
Outros baixinhos
Com fivelas
E com lacinhos...
Com seus pezinhos calçados
Foi á rua passear
Queria ver moços aprumados
E poder se casar...
Coitada da centopeia
Escorregou caiu no buraco
Ficou ali esticada
Esperando ser
amparada..
CURIÓ
Todo
belo e assanhado
Esse
teu cantar suave
É
brilho de liberdade
Feliz
tu és por nunca ter sido trancado...
Imagine
teus irmãos
Numa
gaiola aprisionada
Sem
ver a luz do amanhecer
Se
cantar é de tristeza
Assim
nunca perde a certeza...
De
um dia poder fugir
E
para bem longe poder ir
Assim
seu canto será de alegria
Vibrando
com maestria...
Feliz
és tu curió
Que
livre faz teu ninho
Tem
mulher e a sorte
E
juntos criam filhotes...
É
lindo ver a beleza desse curió
Livre
voa entre bandos
Nas
árvores podem pousar
Das
frutas se alimentam
E
juntos podem cantar...
Dormem
em bandos onde quiser
Sonhando
com a liberdade
Que
Deus os concebeu
Esse
canto de alvorada
Que
desperta na madrugada...
FORMIGAS
Corajosas devoradoras
Às vezes prudentes
Outras salientes
Atacam todas contentes...
Imagine uma pobre árvore
Devorado pelas amigas
Quer testar passe mel
Depois adeus direto pro céu...
A marcha é perigosa
Parecem soldados atacantes
Sobem tão alto
São repugnantes...
Não gostam de migalhar
Preferem um bom banquete
Se não acham fazem protesto
As mocinhas não tem nada discreto...
Nem quero imaginar
Em teu corpo passeando
Se tudo que acha na frente
As danadas vão devorando...
GAFANHOTO MATREIRO
Leva nas asas
Um lápis gigante
Bem colorido
Tem as cores de um arco íris
Acha-se professor assim ele diz...
De pernas longas
Salta ligeiro
Faz-se galante
Ele é mesmo matreiro...
O gafanhoto só come folhas
Encontra uma horta
De folhas tenras
Logo ele devora...
E assim é o gafanhoto
Um nobre vegetariano
Professor de matemática
Saltitante arteiro
Gafanhoto matreiro....
GATO SAPECA
Que adorava sapatos
Calçava
Andava
E se achava...
Escalava telhado
No meio da chuva
Voltava molhado
Tremia de frio
Todo arrepiado...
Na cama deitava
Adormecia
E logo acordava
E miava
Procurando um sapato
E nele se enfiava...
GOLFINHO
ESPERTO
Sobe nas
ondas
Faz cara
feia
Olha aqui
pessoal
Não joga
lixo no mar
Isso pode
nos matar...
Tanta
ignorância
Amanhã não
pode pescar
Nem seu
filho nadar
Os
peixinhos nem podem respirar...
Vem aqui
Só quero
conversar
Mas
ninguém quer escutar
Parem com
essa poluição
O mar não
é lixão...
Amanhã
Essa beleza pouco vai restar
Continua
jogando lixo
A natureza
se revolta
Ou o mar
vai acabar...
Pensa
nisso!
A quem vai
se queixar
Se no
amanhã nada disso restar
Será que
Deus vai te escutar
Depois
das maldades que causar...
GRILO
ATRAPALHADO
Pula daqui
pula dali
Foge do gato
Entra no
sapato...
Olha
desconfiado
Sai de
mansinho
E canta
invadindo
O sono do
gato dormindo...
E ai foi
àquela confusão
O gato ficou
irado
O que achou
destruiu
Queria acabar
com o grilo
Mas o
espertinho fugiu...
E bem longe
ele voltou
A sua chata
cantoria
Adeus o sono
do gato
Que sentado
esperava
Enquanto o
dia raiva...
Ai sim ele
poderia dormir
Tranquilo sem
ser abusado
Pois grilo
dorme no dia
A noite faz
sua cantoria...
Mas o gato
estava decidido
Se aquele
grilo ele pegar
Tenho pena do
coitadinho
Vai lhe fazer
picadinho...
JOANINHA
Saiu bem cedinho
No jardim se encantou
Eram tantas borboletas
Pretas aveludadas
Outras de listas douradas
Antenas longas
Bolinhas nas asas...
Contente a menina grita
Quando uma amarela
Pousa na sua mão
Encantada ela salta
E
grita- que emoção...
LAGARTA
PELUDA
Atreveu-se
foi na frente
Podemos
saber o que aconteceu?
Vejo
que se torce e geme...
E
responde a mal humorada
Comi
uma mosca exibida
Fiquei
com dor de barriga...
Coitada
da mosquinha
Gritou
um grilo atrevido
E
zombava da lagartixa
Geme
baixinho dói meu ouvido...
Bem
feito dona lagartixa
Dizia
a borboleta
Eu
assim meiga e delicada
Corro
o risco de ser devorada...
A
lagartixa se contorcia
Era
uma grande agonia
Começou
a soluçar
Deu
um arroto tão grande
A mosquinha caiu lá...
Lagarta
Chega à plantação
Vai devorando agilmente
Folhas e frutas
E tudo que encontra na frente...
Come doce come salgado
Frutinha avermelhada
Como se fosse marmelada...
Arrasa as abobrinhas
Devora as goiabeiras
Lagarta
Assim quem aguenta
Bicha feia e nojenta...
MINHOCA APRESSADA
Acorda já
atrasado
Quer
chegar ao lugar marcado
Corre,
corre
Perde o
trem
Atravessa
a rua
Não olha
de lado
É
atropelado...
Saiu de
casa correndo
Nem se viu
no espelho
Um pé
sandália rasteira
O outro
sapato vermelho...
Com toda
essa pressa
Levanta
sacode a poeira
Engole o
choro
Olha de um
lado e do outro
E sai na
carreira...
PINGUIM
FOLGADO
Humilde de olhos esbugalhado
Ri se esconde do grupo
Ajeita-se na areia
Pula
da pedra se esconde
Coloca a cabeça na água
Olha assustado
Meio impaciente
Remexe a areia
Alegra-se quando encontra
Pão
Resto de peixe
O coitado do siri
E até farelos de bolo
Aquilo não era um lanche
Era um banquete inteiro
Olha de lado
Olha do outro
Não sabe se saboreia
Ou se engole a própria ansiedade
Com gula se empanturra
E ali mesmo adormece
Que pinguim folgado...
SAPO E A PIABA
A piaba
meio cansada
Pega
carona no sapo
E juntos
descem o rio...
A piaba
inquieta
Agarra daqui
Escorrega
dali
Enfim se
aquieta...
Uma
ventania
Agita a
água
E o sapo
grita
Segura
piaba
Não se
agita...
A piaba
toda afobada
Escorrega
e é arrastada
Lá se
vai à correnteza
A piaba e sua esperteza...
O sapo interrompeu a viagem
Na beirada do rio foi dormir
O frio era tanto perdeu a coragem
Encolheu-se e foi dormir...
SAPO LELÉ
Querendo ser um moço chique
Comprou um par de chinelos
O dedo apertava
Ele marcava.
Na beira do lago sentou
Ficou matutando
Como ser diferente
Se nem era gente.
Um besouro sussurou:
Oras! Sapo é tudo igual
Olho grande e barrigudo
Com essa boca lascada
Onde vai achar uma namorada?
O sapo pensou, pensou,
Pois é pois é
Tenho que mudar
Comprarei um terno quadriculado
Um sapato que deixe meus dedos guardados
Uma corrente de ouro
Depois engulo esse atrevido besouro.
O besouro que não era bobo
Apavorado deu no pé
O sapo coitado
Ficou ali sofrendo
Com seu pé doendo...
PORCO APAIXONADO
Arrumou-se colocou perfume
Calçou bota pôs chapéu
Usou gravata listrada
E camisa bem arrumada...
No curral passou pelo burro
Que
riu e relinchou
Deixando o porco irritado
Vai logo mal educado...
Mas o porco nem ligou
Das criticas do invejoso
Encontrou a cabrita teimosa
Mas não queria mesmo prosa...
O porco seguiu viagem
Estava mesmo apressado
Ia ver a namorada
No chiqueiro bem ao lado...
E logo estavam juntinhos
Ele todo perfumado
A porquinha enlameada
Cheirava muito mal...
O porco desiludido
Decidiu voltar pra casa
E o burro que o esperava
Ria e relinchava...
OBRIGADA PELA VISITA.
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